ESTÓRIAS

Fogo nas Pererecas

Antes de iniciar esta estória quero informar que os nomes, da empresa e das funcionárias, são fictícios.

Era uma empresa madeireira, fabricante de compensados de madeiras em que trabalhavam mais ou menos cem empregados, sendo a metade mulheres.

Uma das personagens desta estória era a Ana Lúcia, falava pelos cotovelos, vira e mexe arrumava uma encrenca aqui, outra alí, com as colegas de trabalho.
A gota d'água na paciência do gerente de produção foi certo dia quando Ana foi ensinar uma empregada recém contratada a operar uma máquina de juntar lâminas. Dizem que, de propósito, para não dar lugar para a novata, a danada desarmou o sistema de segurança e, por sorte grande a novata não perdeu as pontas dos dedos do pé direito. Isso era motivo para ser demitida por justa causa, o que não aconteceu, muita gente ficou desconfiada e com raiva da proteção que a danada recebia do chefão.
Encurtando a estória, a Ana foi transferida para o setor de limpeza.
Dias depois, Marilda que já tinha uma certa idade, casada ha mais de trinta anos foi até o seu ginecologista reclamando de dores e sensação de queimadura na sua perseguida. O dr. olhou, examinou, constatou uma forte irritação, fêz algumas perguntas das suas relações sexuais e receitou uma pomada anestésica dizendo: Isto é queimadura D. Marilda, como foi que isso aconteceu?
Olinda Ferreira era uma típica nordestina, baixinha de um metro e cincoenta e cinco, braba feito uma cabra da peste, chegou em casa naquele dia dando uma enorme bronca no maridão, foi logo de cara perguntando: Ô cabra, onde foi que você andou metende este pinto? só pode ter metido em alguma coisa estragada e agora passou pra mim, tô todinha queimada na perereca, é coisa de cabra safado, vai logo falando antes que te meta uma peixeira nesse saco fedorento. E a briga continuou por mais alguns dias e o maridão negando até a morte que não havia dado nenhuma escapada.
Genair Santina, bela morena de rosto bonito, cabelos longos e muito namoradeira, logo depois do almoço, descansando na sombra de uma árvore e conversando com a amiga Marilda confidenciou que estava com uma coceira terrível nas partes íntimas, que não havia transado com ninguém há mais de quinze dias, o que podia ser essa coceira danada e ardia feito esfolada? perguntou para a colega.
Olinda que estava próxima ouviu e rapidinho disse: Ixê, ó xente, é não é que eu também estou com a mocinha pegando fogo, arde feito queimadura de urtiga, acho que foi coisa do Gervásio que andou com alguma quenga por aí e me passou doença.
Marilda arregalou os olhos e disse para as amigas que ela também estava com a perereca em brasa, que foi ao médico e que era uma queimadura.

No final da tarde mais oito outras mulheres reclamavam de queimadura lá nas partes baixas.

No dia seguinte Ana Lúcia, aquela faladeira e que quase arrancou o pé da colega, estava lavando o banheiro feminino quando D. Miríades, a chefe da limpeza, chegou devagarinho por detrás da danada, foi chegando e percebeu que de um dos vasos sanitários saia uma fumacinha, olhou melhor e percebeu que estava repleto de pedras esbranquiçadas que se derretiam quando misturavas com a água.

D. Miriades chegou devagarinho por detrás de Ana Lúcia, que levou um susto quase caindo de costas quando a chefe pegou aquele pacote ao lado do balde com os panos de limpeza.
- Ana, o que é isso menina? Você está pondo soda cáustica nos vasos sanitários? e pra que encher tanto, quase até a boca? Você não sabe que isto pode intoxicar alguém?

Até hoje, quase um ano depois da Ana ser demitida, sem justa causa, não se sabe ao certo se ela encheu os vasos sanitários do banheiro feminho com soda cáustica por ingenuidade ou foi pura maldade para ferir uma das colegas na sua parte mais sensível.

A verdade é que o fato causou uma grande confusão, Olinda teve que pedir desculpas para o maridão Gervásio e tempos depois deu uma surra na Ana Lúcia quando encontrou-a fazendo compras dentro das Casas Pernambucanas; Genair Santina que havia conhecido um novo namorado depois de quase dois meses se fazendo de difícil, com a perereca recuperada passou a noite no motel.

Todas as pererecas passaram por tratamento com pomada anestésica e voltaram a ficar novinha em folha.

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Memórias vivas de um velho TST - Parte I

Os Primeiros Desafios


Aos colegas peço a mais humilde permissão para escrever estas linhas.

Antes de iniciar quero dizer que não me considero melhor que ninguém, penso que posso saber um pouco mais, de alguma coisa, pelo tempo que tenho de experiência nessa área de Segurança do Trabalho.

Tudo começou lá no início dos anos 80 (do século XX) quando iniciando minha carreira na área de Recursos Humanos - na época DP Departamento Pessoal - um velho e bom amigo da época, contador da empresa, Zalnir Caetano, um dia me aconselhou a fazer o curso de "Supervisor de Segurança no Trabalho", que era um bom negócio principalmente para mim que estava nessa área de DP. e a procura por tal profissional era grande e o salário era bom.

Seguindo os conselhos do amigo procurei a Fundação Jorge Duprat - A FUNDACENTRO, que na época, em parceria com o Ministério do Trabalho, ministrava o curso.

Seis meses era a duração do curso. Seis meses somente de matérias que interessavam diretamente à profissão: Legislação - estudo de todas as Normas Regulamentadoras - Prevenção contra incêndios, primeiros socorros, direito do trabalho e outras.

Ao final do curso algumas visitas em grandes empresas e... ponto final.

Hoje vimos os cursos com duração de ano e meio, uma grade curricular cheia de matérias que só servem para "encher linguiça", enrolar no tempo e ganhar dinheiro dos incautos que são "enrrolados" na promessa de uma profissão com bons salários.

Quando me formei em dezembro de 82 tinha trocado de emprego, estava agora como gerente de pessoal de uma metalúrgica que tinha em torno de 300 empregados. Era uma boa empresa, um dos sócios era Holandêz e tinha uma mentalidade muito aberta para os assuntos de segurança no trabalho e me permitiu colocar em prática todos os conhecimentos recém adquiridos no curso.

Apesar da empresa ter um SESMT resumido a um único TST, desenvolvemos muitas melhorias na área metalúrgica. Havia na empresa um setor de Galvanoplastia, equipamentos velhos, antigos e deteriorados em que se fazia a niquelação, cromagem e outros tratamentos químicos nos metais que eram produzidos.

Na galvanoplastia trabalhavam em torno de trinta empregados nas piores condições de insalubridade possível e imaginável.

Me lembro que o encarregado, José Kravtz, guardava a sete chaves um determinado produto que era utilizado no processo e que ninguém mais, fora ele e o gerente de produção, tinha acesso.

Curioso, depois de impor as minhas prerrogativas de encarregado do DP e "Supervisor em Segurança do Trabalho" consegui ter acesso ao tal produto guardado em alto segredo: Arsênico.

Alguns dias depois, atendendo a reclamação de alguns vizinhos em residência nos fundos da empresa fui até lá. Um pequeno riacho passava pelos fundos do terreno da empresa e uma dezenas de pequenas casas ocupavam de forma irregular as suas margens.

Aconteceu que patos, galinhas e outros animais domésticos estavam morrendo e a suspeita vinha da água que era despejada pelo esgoto da empresa diretamente no pequeno riacho.

Resumindo a estória. Era o tal do arsênico, altamente tóxico, utilizado no processo de galvanoplastia, depois do processo de produçãe era liberado diretamente no esgoto que corria direto para o riacho.

Pobres patos, galinhas e marrecos que morreram, pobres pessoas que foram retiradas às pressas de suas casas, pobre empresa que foi multada em alta soma, teve interditado o setor de galvanoplastia e gastou alguns milhares de cruzeiros (à época) para construir um setor novo e mais moderno.

continua...
Nos próximos post vou contar a estória do leite e da insalubridade no setor de galvanoplastia.

E, também a estória do registro de empregado do funcionário morto em um acidente do trabalho

sexta-feira, 8 de maio de 2009


Memórias vivas de um velho TST - Parte II


A Insalubridade e o Leite !


Depois daquele acidente com o arsênico, muitos patos, marrecos e galinhas mortas, muitos milhares de cruzeiros em multas e em indenização para os moradores e a construção de um novo setor que havia sido interditado, a vida continuou nesta nova empresa.

Por volta de 1985 troquei de emprego, outro bem melhor, salário triplicado. Saí de um grupo de empresas - construção civil, concreteira e metalurgia - para ingressar nessa indústria metalúrgica, com aproximadamente 300 empregados, no cargo de Gerente de Pessoal.

Logo no primeiro dia de trabalho me deparei com uma cena interessante, um caminhão descarregava algumas caixas de leite em saquinhos de um litro, três caixas com duas duzias de litros cada um.

Perguntando me informaram que era o leite para o pessoal da galvanoplastia, dois litros para cada um, trinta funcionários, o que totalizava em torno de sessenta litros por dia.

No horário do primeiro intervalo para repouso, na parte da manhã, os operários da galvanoplastia formavam um fila na porta da cozinha para pegar a quota diária do leite que levavam direto para o setor onde trabalhavam.

Pedro Murski era um alemão, quase dois metros, cabelo amarelo e braços peludo parecia um urso branco, boa gente, simpático, comunicativo sempre nos visitava no departamento pessoal, invariavelmente uma vez por semana para pedir um vale por conta do pagamento. A empresa nesse ponto era uma mãe e permitia esse tipo de benefício.

Um dia, aproveitando a visita do ursão, pensando em usá-lo como locutor da rádio peão, disse para ele que a empresa estava pensando em suspender a entrega do leite para o pessoal da galvanoplastia.

Assustado ele perguntou o por quê dessa decisão e eu tentei explicar-lhe que o leite não tinha nenhuma propriedade antídota contra os produtos químicos que existiam naquele setor, ao contrário, contribuiam para a inalação daqueles produtos químicos diretamente para o estômago; que o leite não ia para os pulmões, para onde eram inalados os produtos quimicos, etc, e tal.

Tal foi a minha surpresa quando, depois dessa explicação, quase em lágrimas o alemão pediu para que eu não fizesse isso, que esse leite iria fazer falta para ele que tinha cinco filhos, que todos os dias na hora do almoço ele levava aqueles dois litros de leite para as crianças que estavam esperando.

Santo Deus. O coração numa mão e o cérebro na outra. Eu tinha o poder de decidir.

E a pior notícia ainda ele não sabia e nem eu tive coragem para informá-lo: O adicional de insalubridade também iria ser suspenso tendo em vista que as novas instalações eram modernas, havia exaustão suficiente e novos equipamentos de proteção de respiração estariam sendo utilizados no mês seguinte.

Acontece que, mesmo contra a minha vontade e sem minha autorização a notícia da suspensão do leite e do adicional de insalubridade "vazou".

Fiquei sabendo do vazamento da notícia no final do expediente, por volta das dezoito horas saindo no portão da empresa fui cercado por trinta operários que queriam ter uma "conversinha" comigo.

Que estória era essa, perguntou um deles, de tirar do nosso salário o adicional de insalubridade, vai ter que explicar direitinho disse o "tição" negrinho de um metro e meio de altura e dois de valentia; e fui sendo cercado, aquado, tô ferrado, pensei.

Pensei rápido e disse:

- calma pessoal! não é nada disso, apenas vamos trocar o nome do vencimento, o adicional de insalubridade vai ser somado no salário, ninguém vai perder nada, no final do mês o valor vai ser o mesmo.

- Há bão! disse um deles.

Devagarinho eu fui explicando,os outros foram entendendo, eu suando mas ao final tudo certo.

Resumindo tive que convencer a diretoria da empresa para que se somasse o valor do adicional de insalubridade e de quarenta e cinco litros de leite no salário de cada um deles, extinguindo assim a entrega diária de leite e o famigerado adicionalde insalubridade, sem alterar o valor final do salário de cada um deles.

Os novos empregados não receberiam o adicional.

Ficaram todos felizes e eu livrei meu couro.

quinta-feira, 7 de maio de 2009


Memórias vivas de um velho TST - Parte III



RIBEIRO, Antonio - O mais velho e esperto TST que conheci.

Nesses quase trinta anos de profissão, conheci muitos colegas, alguns se tornaram meus amigos e outros ficaram na história.

No início dos anos 90 eu ministrava muitos cursos de CIPA nas empresas e no SENAC, era uma época em que somente TST devidamente cadastrados pela DRT eram autorizados a ministrar o treinamento previsto na NR-05 e a carga horária era então de 18 horas.

Foi um tempo de bonanza, muito trabalho e bons rendimentos financeiros que me garantiram uma boa vida para mim e para a minha família. Sempre tive prazer em dizer que, como TST tinha uma boa casa, dirigia um bom carro e até sobrava para uma boa dose de Johnny Walker e férias de 15 dias na praia todos os anos.

Nestas andanças, certa vez o Rober Habu Anna, médico do trabalho, meu amigo e parceiro, me apresentou um certo Técnico em Segurança do Trabalho, seu nome era Antonio Ribeiro.

Ribeiro, como chamávamos, era um senhor de certa idade, talvez mais ou menos setenta anos, nunca perguntei quantos do seu tempo de experiencia, mas acredito que ele era dos mais antigos feitores - comuns na construção civil - que com o advento da Lei 6.514/77 ganharam do MTb o título de Supervisor de Segurança do Trabalho. Pouco entendiam da legislação vigente, tinham uma boa vivência prática nos canteiros de obra.

Era de estatura baixa, não mais do que um metro e sessenta, entroncado, baixinho, pele parda tendendo para negro, meio gordo e cara de indio misturado com nordestino.

Vestia trajes de malandro carioca, sapatos brancos, calça de tergal engomada e com vincos, camisa florida de gola sobre o paletó; um grande anel de pedra vermelha no dedo anular da mão direita e uma grossa corrente de ouro no pescoço. Tudo bem regado com uma boa e forte dose de almiscar que denunciava a sua presença a uma grande distância.

Era uma figura que não passava desapercebida nem em parque de diversões, parecia um bicheiro daquelas chanchadas do bechiga paulista.

Não escondia de ninguém que era casado e tampouco se constrangia em dizer que a sua mulher, já velha não dava mais conta do recado há muito tempo e que por isto, mantinha uma namorada fixa, uma "gatinha" dizia o velho Ribeiro quando se referia a sua namorada.

Também não se importava em cantar aos quatro ventos que no café da manhã comia meia duzia de ovos de pato com cerveja caracu, todos os dias, para manter a potência, afinar o óleo e dar conta da gatinha.

Ribeiro frequentava o bar e restaurante de um amigo gay, no centro da cidade para onde me convidou a ir comer uma feijoada no sábado e conhecer a sua "gatinha".

Conheci a gatinha do Ribeiro. Um dia desses qualquer eu falo da gata.

Dentre as peculiaridades que fazia do Ribeiro uma figura impar e admirável, uma era a forma como ele desempenhava a sua profissão de TSTe o seu relacionamento com os fiscais da DRT.

Antonio Ribeiro tinha doze CTPS, isso mesmo, doze carteiras profissionais e trabalhava como TST resgistrado em doze empresas diferentes, com doze patrões, uma duzia de salários e mais outro tanto de empresas em que atuava como "prestador de serviços"

Logo que fomos apresentado, ele sabendo que eu ministrava cursos de CIPA me convidou para ministrar o treinamento para os membros da comissão de uma de "suas" empresas, de cara me perguntou quanto eu cobrava.

Na época a moeda era o Cruzeiro e respondendo disse para Ribeiro que o valor pelo curso seria de CR$ 900,00 o que era um ótimo valor.

- Cr$ 900,00 retrucou.
- Sim. respondi.
- Tá certo, disse ele, continuou sem rodeios e perguntou:
- O que eu conseguir a mais, lá na empresa, é meu?

Espantado pela direta e rápida cantada de proprina, sem pensar direito respondi que sim, o que ele conseguisse a mais na empresa eu lhe pagaria a título de comissão, isso era normal, dar uma agradinho para o comprador da empresa ou para o TST.

- Tá certo, disse ele, vamos marcar a data e o horário do curso.

Na época havia uma enorme burocracia para se ministrar o curso da CIPA nas empresas. O TST era cadastrado na DRT, a cada treinamento tínhamos de fazer um ofício informando o nome da empresa, a data e horário do treinamento e os nomes dos funcionários que participariam do treinamento.

Não eram raras as vezes em que, durante o curso recebiamos a visita de um "fiscal" da DRT que acompanhava algumas horas do treinamento.

E, para finalizar o processo burocrático, ao final do curso havia um relatório de informações sobre a condução do curso, as matérias ministradas, o material didático utilizado e uma relação final dos participantes.

Em 1989 a portaria ___ modificou a CIPA e hoje qualquer um pode ministrar o curso da CIPA sem nenhuma burocracia.

Na data e horário combinado com o Ribeiro, compareci na segunda-feira para iniciar o curso. Era uma Transportadora e a CIPA era composta de oito componentes mais uma secretária.

Iniciamos os trabalhos as oito horas da manhã e pouco antes do almoço encerramos o primeiro dia do curso.

Ao final deste dia inaugural, antes de ir embora perguntei:

- Ribeiro, tenho que lhe trazer a Nota fiscal do treinamento para ser entregue na tesouraria e receber na sexta-feira, qual o valor da Nota?
- Calma, calma disse-me ele. vai dando o curso que estou negociando o valor.
- Tá certo! disse e fui embora.

Terça-feira, segundo dia de aula, final da aula pegunto: Ribeiro, qual o valor da Nota fiscal? Calma disse ele outra vêz, estou vendo o valor.

E assim se passou a quarta e a quinta feira, eu aprensivo para saber o valor que eu emitiria a Nota Fiscal, afinal eu dependia deste documento fiscal para também receber a minha parte de Cr$ 900,00 fora a comissão do velho Ribeiro.

Na sexta-feira, último dia do curso, já meio impaciente e meio ríspido disse:

- Ribeiro, preciso emitir a Nota Fiscal, você precisa me dizer o valor!
- Tá certo, tá certo respondeu ele, pode tirar a nota fiscal.
- De quanto, qual o valor? perguntei.
- Cr$ 2.000,00 disse ele.
- O quê!!!! 2.000? perguntei quase caindo de costas.
- Isso mesmo que você ouviu, do jeito que combinamos, a minha parte fora os teus Cr$ 900,00 você me entrega depois, lá no bar do Mario, pode ser no sábado?

Não estava acreditando naquilo, não era verdade, havia algum engano. A nota fiscal de Cr$ 2.000, sendo Cr$ 900,00 para mim que trabalhei a semana inteira e Cr$ 1.100,00 para o Ribeiro, não, não, não.

Mas, trato era trato, era quase contrato.

Na segunda feira seguine recebi o valor de Cr$ 2.000 e no sábado fui até o restaurante do amigo gay levar os Cr$ 1.100 do Ribeiro.

Naquele sábado a festa com a gatinha deve ter sido em suíte de primeira com direito a todas as mordomias.

Nunca mais caí noutra igual. Cada vez que ministrava um curso para uma das empresas do Ribeiro, o valor era pré combinado e em valores justos.

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Memórias vivas de um velho TST - Parte IV


Filminho pornô para as freiras!

Não me lembro ao certo quantos cursos de CIPA já ministrei nesses mais de vinte anos.

Até a edição da Portaria 8 de fevereiro de 1999 somente TST devidamente cadastrados pela DRT tinha autorização para ministrar o curso da NR-05.

Invariavelmente todas as semanas havia um curso para ser ministrado, se não pela minha empresa de consultoria, era pelo SENAC e alguma semana era um curso pela manhã e outro na parte da tarde.

Em 1989 fui convidado para ministrar um curso de CIPA em um hospital da cidade que era mantido por uma instituição religiosa e todas as áreas de enfermagem e administração eram comandadas por freiras.

Confesso que era a CIPA mais insólita que ja havia treinado, era toda especial, dos seus dezeseis membros, dez eram mulheres e destas, nove eram freiras.

Todas vestidinhas com seus uniformes impecáveis, algumas moças novas, outras senhoras de certa idade, algumas votadas e representantes dos empregados, outras indicadas, enfim, tudo igual a uma CIPA qualquer.

Dos homens, um era da manutenção e outro da portaria, ambos indicados pela empresa.

Não posso deixar de mencionar que uma das freiras, moça nova e muito bonita, era sem dúvida a freira mais linda que já havia conhecido.

Feitas as apresentações iniciamos o curso como era de constume.

No último dia de curso, na sexta-feira, depois de cinco dias convivendo com aquelas pessoas na parte da manhã, o nosso relacionamento já era o de velhos conhecidos, o que permitia algumas brincadeiras que, aliás, sempre utilizei desse artifício para que as pessoas se sentissem a vontade e com alegria durante o treinamento. O bom-humor, com classe e respeito, deve fazer parte de qualquer treinamento, claro que tudo dentro da medida certa e no momento certo.

Em agosto de 1985 o Ministéiro da saúde, em conjunto com o Ministério do Trabalho, instituiu a obrigação, no âmbito das empresas, a fazer orientações para os empregados sobre a AIDS, doença que desde 1982 vinha assustando o mundo.

Aquela portaria estabeleceu que ficaria a cargo das CIPAs da empresa fazer a divulgação das formas de prevenção daquela doença.

Qualquer horas dessas eu conto como ganhei muito dinheiro com esta portaria.

Mas, voltando ao assunto.

Abordar esse assunto da AIDS nos cursos de CIPA era uma tarefa meio complicada, o assunto ainda era pouco conhecido e pouco divulgado, praticamente não havia material didático e alguns videos que havia na época eram ou muito técnico ou muito vulgar.

Na nossa biblioteca tínhamos três filmes sobre AIDS.

- Um deles era produzido por um laboratório, direcionado para os médicos, era extramente técnico;
- Outro era uma produção do Globo Repórter, o que mais utilizavamos para os cursos de CIPA.
- O tereceiro era uma produção nacional, dirigida para a construção civil em que o ator Lima Duarte fazia a locução do filme e utilizava de uma linguagem apropriada e algumas figurinhas bem simples para ilustrar.

Esse terceiro filme, dirigido par a construção civil era muito engraçado, o texto fora escrito com objetivo claro de se comunicar com os operários de obra e utilizava o "palavreado" simples usado em obras, bem popular, as vezes grotesco.

Numa das cenas, para se referir ao sexo anal, que era o grande tabu e transmissor principal da AIDAS, Lima Duarte dizia:

- Pessoal, cuidado com esse negócio de comer o fio-o-fó dos outros, porque esse bichinho da aids é piquininho e vai junto com a gala (esperma) do pião e entra pelo fi-o-fó e cai no sangue e aí o peão vai pegar essa doença.

E nesse tom de conversa e com essa linguagem o video tinha uma duração de vinte minutos. Tinha o seu valor didático, educativo e prevencionista na medida em que passava a mensagem na linguagem utilizada pelos trabalhadores da construção civil.

Então, naquela sexta-feira, último dia do curso, era o momento de tocar no assunto, na AIDS.

Logo pela manhã, por volta das 07:30 passei rapidinho no escritório para pegar a fita VHS com o filme sobre AIDS e fui para o hospital.

Iniciando a aula daquele útimo dia, disse para a turma:

- Hoje, nosso último dia do curso, depois de tratarmos de todas as matérias ligadas diretamente sobre segurança e medicina do trabalho, vamos tratar de tres assuntos diferentes:

- Prevenção a AIDS que é uma obrigação da CIPA;
- Primeiros socorros
- Prevenção e combate a incêndios

Continuei dizendo:

- Pessoal, o negócio é o seguinte, temos que tratar de um assunto novo, para alguns é meio constrangedor, mas sou obrigado a tocar no assunto tendo em vista que é obrigação da CIPA alertar os empregados sobre a prevenção dessa doença que está assunstando o mundo e é altamente transmissível pela via sexual.

- Vou passar um filme sobre AIDS e me dirigindo às freiras disse que todas poderiam ficar à vontade, quem não quiser assistir, pode se retirar da sala que não vou computar como falta.

- Ok?, tudo bem, vamos fazer o seguinte:
- Tenho que entregar essa documentação lá no DP do hospital, vou colocar o filme no video e vou até o DP, vou deixá-las sózinhas, à vontade, para assistir ao file e daqui uns quinze minutos eu volto. Tá certo?

- Tudo bem concordou a mais velha delas e presidente da CIPA.

Rapidamente coloquei o filme no VC e saí.

Mais ou menos uns quinze minutos voltei, abri a porta, entrei e CONGELEI!

Sem saber o que fazer, sem saber o que dizer, mudo, estático na porta e de olhos arregalados via o Sr. Lima Duarte dizendo, em alto e bom som,: "pessoal, esse negócio de comer o fi-o-fó de outro pião é muito perigoso"...

Eu simplesmente tinha colocado o filme que era para a construção civil. O desastre estava feito.

Olhei as freiras da porta onde estava congelado, algumas de cabeça baixa, algumas ruborizadas, de repente todas me olhararm e com os olhos pediam: tira isso daí pr favor.

Voei em direção ao Video Cassete, desliguei e por alguns segundos fiquei mudo para depois dizer.

- Me perdoem. A nossa estagiária me entregou o filme errado.

Na segunda-feira tive que me dirigir ao escritório da irmã diretora, me desmanchar em desculpa, me propor a não cobrar pelo curso e tantas outras promessas.

A irmã fez questão de me pagar pelo treinamento mas nunca mais fui chamado de volta.

Em janeiro de 1991 o meu filho João Gabriel nasceu naquel hospital e no dia de seu nascimento, enquanto esperava a sua chegada, nos corredores do hospital encontrei aquela freira linda, no me lembro do seu nome, me olhou de lado, deu um sorrizinho maroto e desapareceu no final do corredor.

Memórias vivas de um velho TST - Parte V

O Registro de Contrato de Trabalho de um Operário Morto em Acidente do Trabalho
A seleção brasileira de 82, segundo os entendidos, foi a melhor seleção brasileira formada em todos os tempos, sob a conduta do maestro Tele Santana os craques Zico, Sócrates, Junior, Falcão e cia., jogavam por música e venceram de forma brilhante os dois primeiros jogos da primeira fase.

O terceiro jogo seria no dia seguinte contra a Nova Zelândia. No primeiro jogo ganhamos da antiga União Soviética por 2x1, gols de Sócrates e Eder; no segundo jogo outro baile de bola onde enfiamos 4 a 1 na Escócia.

Na construtora onde era chefe do DP, trabalhavamos eu e mais três auxiliares naquela manhã tranquila em que o dia prometia transcorrer tudo dentro da normalidade de sempre. lá fora um forte vento soprava anunciando a vinda de chuva.

Por volta das nove e meia alguém entrou apressado pela porta de vidro que dava acesso ao escritório, na primeira porta a direita, logo no início do corredor estava o guichê de atendimento e a porta de entrada do departamento pessoal.

Assustado um dos empregados da oficina entrou gritando que havia acontecido um acidente no barracão da oficina e que parecia ser grave. Alguém caiu do telhado, gritava.

Corremos eu e mais algumas pessoas até o local que ficava aproximadamente cem metros de onde estávamos, chegando ao local me deparei com um corpo, imóvel, estendido sobre uma bancada de retífica de motores, de bruço não podia ver seu rosto e fiquei no momento sem saber quem estava ali, parecia morto.

Olhando para cima percebia-se um buraco no telhado de amianto, a telha quebrada demonstrava que não havia suportado o peso daquele pobre coitado, não tinha suporte por debaixo, rompendo e causando aquilo que anunciava ser uma tragédia.

Voltando ao corpo, sem tocá-lo, olhando por debaixo consegui ver o rosto do acidentado, era um desconhecido, quem era aquele homem perguntei para uma pequena multidão que rodeava o local.

Ninguém sabia, não era nenhum dos empregados, era um estranho, mas o que fazia aquele homem no telhado do barracão, perguntei novamente.

Quando alguém respondeu:

- Ele estava consertando o telhado, foi seu Haulin que mandou ele fazer o serviço.

Haullin Makários era o dono da empresa, empresário polêmico, descendente de libanês, sem muitas regras para conduzir seus negócios construiu um belo grupo de empresas atuando como "gato" nas grandes obras de construção de rodovias, iniciou seus negócios lá pelo início dos anos 70 na Bahia e havia mais ou menos cinco anos que atuava no estado do Paraná onde fundou a Construtora de obras viárias, uma metalúrgica e uma concreteira.

Com aquele corpo alí estático, fui informado que o patrão havia chamado aquele homem para fazer a limpeza dos telhados dos barrações e nada avisou ao departamento pessoal a presença do fulano.

- Ele está respirando, disse alguém!
- Vamos levar esse cara para o hospital! disse o Mauro, meu auxiliar.

A construtora, nosso local de trabalho, ficava afastado a mais de cinco quilômetros do hospital mais próximo e a via de acesso era uma estrada esburacada e poeirenta, naqueles tempos não havia atendimento por sistemas de emergência que chegasse rápido ao local de qualquer acidente e por isto a tarefa de levar o acidentado para o atendimento médico era nossa obrigação imediata.

A velha Ford Belina marron serviu de ambulância, o corpo do homem que ainda respirava foi colocado no porta malas e eu de motorista, acompnhado pelo mauro que ia segurando o corpo, em alta velocidade entrei pela estrada esburacada e poeirenta em direção ao pronto socorro em São José dos Pinhais.

O vento soprava mais forte, quase onze da manhã as nuvens esconderam o sol, parecia fim da tarde, escureceu rápido e uma forte chuva se avistava no horizonte, sacolejando o corpo que o Mauro tentava manter no lugar eu dirigia para a cidade em busca do atendimento para aquele pobre homem.

Depois de pouco mais de uma hora, voltamos para o escritório, era intervalo de almoço e algumas pessoas se aproximaram perguntando como estava o homem, não sabemos disse, deixamos lá no hospital aind vivo, mas parecia muito grave e havia sinais de fratura da coluna vertebral e um forte impacto na cabeça.

Nesse mesmo instante outro auxiliar do DP me informou que se tratava de um senhor morador próximo á empresa, que o patrão através de um vizinho chamou para fazer a linmpeza no telhado da oficina; mas o nome dele ninguém sabia.

Depois de algumas indagações ficamos sabendo do seu nome e onde morava.

Imediatamente mandei alguém até a residencia do acidentado chamar alguém da família e poucos minutos depois uma senhora, esposa daquele homem veio até o DP, chorando disse que foi informada por um vizinho sobre o acidente.

Alguns poucos minutos de conversa eu disse:

- O seu marido tem Carteira Profissiona?
- Sim respondeu a mulher.
- Pois bem, então vá até a sua casa e me traga agora toda a documentação do seu marido, CTPS, RG e tudo o que a sra. encontrar.

Meus auxiliares que estavam próximos, com o olhar de espanto, um deles perguntou:

- O que você vai fazer?
- Vou fazer o registro de empregado daquele homem. Respondi.
- Você está louco! exclamou o Mauro.
- Acho que ainda não. retruquei.
_ Mas... como ele vai assinar os documentos? perguntou-me o outro.
- A gente dá um jeito!



Pouco tempo depois a mulher retornou com os documentos do acidentado.

Chamei o Mauro, entreguei-lhe os documentos dizendo:
- Registra o homem, carpinteiro, disse.
- Você ta doido chefe! retrucou o Mauro com os olhos arregalados.
- E a assinatura? Perguntou o outro.
- Nada que uma mão esquerda não possa fazer. Respondi.

Naquela mesma noite, as 23:00 h. ele faleceu.

Morreu, estava empregado, mesmo que na experiência, com apenas dois dias de trabalho.

O Seguro contra Acidentes do Trabalho, um dos melhores benefícios da previdência, não tem carência nenhuma para garantir ao empregado acidentado no trabalho toda a assistência necessária, inclusive aposentadoria por invalidez e, no caso de morte do segurado, pensão para os dependentes.

Interessante.

E chegou o dia do jogo mais esperado da primeira fase daquela copa do mundo de 1982 . Brasil x Rússia ( URSS - União Soviética) e todos estávamos ansiosos porque trabalharíamos somente até o meio dia e todos seriamos dispensados para ver o jogo que seria as duas da tarde.

Eu já estava dentro do ônibus da empresa, pronto para ir embora quando alguém se aproximou e me disse:
- Seu Haullin quer você no escritório central agora.

O Escritório central ficava em Curitiba, mais de quarenta quilômetros de distância.

- Há não! Hoje não! Logo agora, quase na hora do jogo, o que este turco quer comigo?

Pensei então, vou correndo ver o que ele quer e ainda dá tempo de ir para casa ver o jogo.

Me mandei para o escritório do homem.

O prédio do Centro Comercial Itália, o CCI fora recém construído nas esquinas das Ruas João Negrão com a Marechal Floriano, era o prédio mais alto da cidade e recém inaugurado virou o ponto administrativo mais procurado para escritórios das grandes empresas que ali se instalavam.

Correndo peguei o elevador, apertei o botão do 23° andar onde estava a fera, que muitos sabiam do seu mau humor e a falta de educação que tinha com as pessoas.

Chegando fui recebido pela Eliane, coitada da secretária, ou coitado de mim que fui recebido por ela com um olhar misto de medo, espanto e pena, de mim claro, pois ela já sabia do assunto. Eu desconfiava. Devia ser o morto.

Entrei na sala do poderoso e junto com ele estava o advogado da empresa.

Fui recebido por ambos que, do alto de seus poderes econômico e jurídico, me fuzilaram com seus olhares nada amigáveis.

- Que estória e essa do cara morto? Perguntou-me o poderoso já de cara.
- Aquele que o Sr. Mandou trabalhar no telhado sem me avisar? Perguntei de uma forma bem desaforada.
- Sim, esse mesmo, é verdade que você fez o registro de empregado do cara morto? Continuou perguntado o patrão.
- Sim, isso mesmo, Respondi.

O advogado entrou em ação dizendo:
- Mas isso é fraude contra o INPS (naquele tempo era assim denominada a previdência de uma forma genérica)

Olhei para o advogado, de forma desafiadora disse:

- Vc. Queria o quê? Responder perante o ministério do trabalho por ter um trabalhador morto, dentro da empresa e sem registro de trabalho? Falei já levantando o tom de voz e pensando: não vou deixar esses caras me massacrarem.

- E tem mais! Continuei falando e olhando para o advogado.
- O que você quer é ver o circo pegar fogo, a empresa ser multada pelo INPS, processada pela família do morto e, com isto, ter serviço e faturar em cima da desgraça alheia.

Falava e de soslaio olhava para o relógio, faltavam menos de dez minutos para começar o jogo. Preciso sair logo daqui, pensei.

- Você é um burro! Disse para o advogado que estalou os olhos me olhando incrédulo.

Mal acabei de elogiar o nobre causídico quando o patrão, dando um murro na mesa, gritou:

- Você está despedido!

Ta bom! e para a surpresa deles, me levantei e saí em direção à porta.

Não queria perder um minuto sequer do jogo.

Foi um jogão. Brasil venceu fácil a Nova Zelãndia por x 0 com direito a show de bola, dois gols de Zico, um de Falcão e mais um de Sérginho

E eu estava despedido.

Quita-feira, pela manhã fui trabalhar normalmente, cumprimentei o Rubens Cividanes, outra grande figura, meio louco mas boa gente, sócio gerente administrativo do grupo que nada me falou,penso que nada sabia.

Fui para o DP e todos me olhavam de lado, meio assustados, curiosos querendo saber o que houve no dia anterior na sala do patrão.

Rapidinho contei tudo dizendo que eles teriam novo chefe.

A Gazeta do Povo é o maior jornal do Paraná, circula em Curitiba e publica os melhores anúncios de emprego no estado.

Depois de ler a página de esportes, dando conta da bonita vitória do Brasil na Copa do Mundo, passei para o cadernos de classificados, sem maiores intenções, mesmo sabendo que estava com a minha batata assando, ou melhor, queimando, mas o negócio era começar a se preocupar na busca de um novo emprego.

Na primeira página do caderno de classificados, estampado em um quarto de página o anúncio dizia:

INDÚSTRIA METALÚRGICA DE MÉDIO PORTE
PROCURA
ENCARREGADO DE DEPARTAMENTO PESSOAL
- Ótimo Salário – Benefícios –etc.
- Exigências e tal.

Não pensei duas vezes, abandonei rapidamente a sala, disse para os auxiliares que estava indo até Curitiba e voltava depois do almoço.

Fui até a empresa, preenchi os documentos de costumes, passei por uma primeira entrevista e foi marcada uma prova de conhecimentos para segunda feira.

Na sexta-feira seguinte fui trabalhar normalmente, cumprimentei o diretor administrativo que me falou:

- Mas você é doido hém! Chamar o advogado de burro na frente do patrão.

Ops! Pensei, a estória já correu.

E aí? O que mais o senhor está sabendo, o que mais o Haullin falou? perguntei ansioso.

- Não, não falou mais nada, só me falou isso dando gargalhadas da cara do advogado depois que você falou isso e saiu da sala.

- Não acreditei naquilo. Mas eu não fui despedido? perguntei-lhe.

- Claro que não! pode trabalhar tranqüilo, respondeu ele.

Voltei a trabalhar surpreso com aquela notícia. Chamei o cara de burro, gritei com o patrão, saí da sala dele e deixei-os falando sozinhos e não estou demitido?

Segunda-feira voltei naquela industria metalúrgica, fiz o teste de conhecimentos específicos em legislação do trabalho e técnicas trabalhistas de departamento pessoal.

Na sexta-feira pela manhã, toca o telefone, atendo, uma ligação da metalúrgica informando que fui o candidato escolhido.

E alguns dias depois a seleção brasileira, a melhor de todos os tempos foi surpreendida no Estádio Sarriá pelo carrasco Italiano R. Rossi quando perdemos por 3 a 2 para a Itália.

Quero finalizar essa estória dizendo que pedi demissão, novo emprego, salário quatro vezes maior naquele que foi o meu melhor emprego.

Três anos depois encontrei com a viúva daquele acidentado que quase chorando me abraçou dizendo que estava recebendo a pensão do falecido e que tinha rezado muito por mim.

Só lhe disse: muito obrigado, suas preces foram atendidas.